Boletim Arte na Escola

Prêmio foi criado para dar visibilidade a projetos educativos que promovam o ensino de arte de qualidade

Professores e diretores premiados na 11ª edição (2010)

Na virada do milênio, quando o Instituto Arte na Escola nasceu com o desafio de ampliar a Rede Arte na Escola e buscar sua sustentabilidade, o lançamento do Prêmio Arte na Escola Cidadã veio reforçar o papel central que os professores desempenham nesse processo. No ano 2000, a Rede contava com 16 Polos Regionais e a Unesco lançara a Marcha pela Cultura de Paz e Não-Violência. Para auxiliar os Polos a identificar necessidades dos professores e fomentar ações formadoras adequadas aos contextos locais, surgiu a ideia de, ano a ano, reconhecer e dar visibilidade a projetos educativos que promovessem o ensino de arte de qualidade, a cultura da paz, a relação escola-comunidade e, ao mesmo tempo, a integração dos atores da Rede em âmbito nacional. 

Em 15 edições, o Prêmio avaliou propostas da educação infantil ao ensino médio, selecionou quase 6 mil experiências de qualidade e premiou 71. O recorde de inscrições ocorreu em 2008, quando foi concedido o Prêmio Especial Ano Internacional do Planeta Terra: foram 1.010 projetos apresentados por professores de todas as regiões do Brasil.  


Ampliação
Somente nas duas primeiras edições a participação limitava-se a professores ligados à Rede Arte na Escola. De 2002 em diante, as inscrições foram estendidas a projetos já realizados ou em andamento, de autoria de docentes de todas as redes escolares, públicas e particulares, municipais, estaduais e federais. Tal ampliação demandou que uma comissão de especialistas revisasse o regulamento e os instrumentos utilizados, e novos indicadores foram acrescentados, de forma que a seleção levasse em conta os processos desenvolvidos, não se restringindo ao julgamento dos produtos apresentados.

'Cavalo Nóia', vencedor do EJA em 2009, apresentou-se na cerimônia da 13ª edição

O painel resultante permitiu conhecer e reconhecer as soluções que o professor encontra para enfrentar as dificuldades de sua prática. Esse mapeamento contempla a imensa diversidade existente no país, desde as vivências em pequenas comunidades rurais e vilas distantes às grandes cidades e metrópoles, com ênfase às experiências interdisciplinares e à contribuição das ações aos projetos político-pedagógicos escolares.

A participação dos alunos como coautores foi sublinhada como aspecto relevante a partir de 2004, quando capacidade de interlocução alunos/professores em atividades estimuladoras de cooperação, participação em decisões, mobilização da comunidade escolar e conquista de novos espaços de ação somaram-se aos critérios de avaliação. Desde 2006, o Prêmio abriu espaço para a inscrição de projetos de Educação de Jovens e Adultos (EJA), acolhendo outro importante segmento de público. As parcerias museu/escola e as iniciativas de valorização do patrimônio cultural local igualmente mereceram progressiva atenção ao longo do tempo.

À medida que o Prêmio retratava as diferentes realidades regionais e se consolidava como instrumento de formação continuada, aperfeiçoavam-se os processos de divulgação, os critérios de seleção, de julgamento e de premiação. Os professores registravam a falta de recursos como uma das maiores dificuldades em seu dia a dia e, por essa razão, materiais educativos, publicações, cursos, oportunidades de visitas a museus, doações de reproduções de acervos, além de câmeras fotográficas e de vídeo foram incluídos como prêmios que beneficiam educadores e escolas.

A tendência de maior abertura para diferentes linguagens e suportes, assim como a discussão de temas mais amplos, de caráter social e político, foi favorecida também pela interatividade proporcionada pelo novo site da Rede Arte na Escola. Nos últimos anos, o site tem operado como ponto de referência, ampliando as conexões com os diversos públicos e facilitando o intercâmbio de informações online.

Avaliação

Cerimônia da 14ª edição aconteceu no Museu de Arte do Rio (RJ)

Do engajamento dos coordenadores dos 47 Polos com a equipe do Instituto Arte na Escola e com os coordenadores de cada edição do Prêmio resultaram aprendizagens significativas. A nova estratégia de selecionar os projetos em etapas conduzidas pelos Polos, com comissões julgadoras locais, para posterior encaminhamento às instâncias regionais e nacional, favoreceu o objetivo de integração nacional. Depois de analisados e selecionados pelos Polos, os projetos chegam à Comissão de Avaliação Nacional, composta por profissionais de renome na área de ensino da arte e representantes da sociedade civil que lidam com questões de cidadania, aos quais cabe indicar os premiados em cada categoria.

As cerimônias de premiação foram também regionalizadas, com o apoio de muitas entidades parceiras. Além de São Paulo, o Prêmio percorreu cidades como Blumenau/SC (2001), Porto Alegre (2007), Goiânia (2008), Recife (2009), Belo Horizonte (2011) e Rio de Janeiro (2013). Em 2006, no Centro de Cultura Judaica de São Paulo, em parceria com a Editora UNESP, foi lançado o livro “Arte, escola e cidadania – um prêmio e seus premiados”, um relato dos primeiros anos de história da premiação com artigos especiais de Bernardo Toro, Denice Catani e Fernando Hernández. Nele, o educador espanhol Hernández cita Paulo Freire ao tecer considerações sobre o que significa, para o professor, o ato de concorrer a um prêmio: “a experiência do saber pessoal que um docente decide tornar pública pode constituir um instrumento privilegiado não só para a reflexão sobre esse saber pessoal, mas sobre as implicações que possui para reinventar o próprio docente”.

Por Sylvia Bojunga

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