Consultoria de Teatro

Curadoria, substantivo FEMININO, do grego curare, significa “cuidar de” ou, segundo o dicionário de Oxford, “ato, processo ou efeito de curar; cuidado”. E é sobre esse efeito de curar e de cuidado, que inicio a minha jornada na busca por esses artistas que possam representar a linguagem do teatro. Chegar a esta lista não foi um caminho simples, foi um grande desafio, daqueles que tiram a gente desse lugar comum, e para falar de cura, é preciso sair da nossa zona de conforto, é ir fundo, é jogar-se do abismo. De onde eu vejo um processo de curadoria, precisa refletir o Brasil profundo, e não aquele Brasil estampado, estereotipado nas revistas ou na internet, mas sim aquele da [RE]EXISTÊNCIA. Para mim pensar em arte, sem pensar em arte negra, é quase impossível, porque é preciso tomar posse, restituir tudo aquilo que é nosso, e que nos foi roubado da maneira mais violenta possível. Pensar no teatro hoje, sem as questões de raça, gênero e território, é quase um erro imperdoável, é não olhar para fora da sua “bolha”, é não querer entender que a arte é ampla, e com ela vem muitas histórias. E foi a partir dessa premissa que chego até aqui, trazendo a tona o protagonismo negro e feminino. Todo o meu cuidado é para que além desses dois recortes que me são caros e fundamentais, eu tivesse uma diversidade de artistas contemporâneos e atuantes nos dias de hoje. Esses nomes são um grande convite para que você que esteja do outro lado lendo essas palavras ou visitando essa lista, possa embarcar nessas histórias. Não posso deixar de mencionar que todo ato curatorial é injusto, pois muita gente acaba ficando de fora. Não pela qualidade ruim do trabalho, e sim porque existe uma aposta em um caminho, que nem sempre é possível ter todas e todos. Aqui é apenas um caminho curatorial, poderiam ser outros. Talvez vocês olhem para esses nomes, e não achem que são os melhores, de fato, eu não escolhi aquele ou aquela que é o melhor e/ou a melhor artista, mas escolho porque de algum modo essa pessoa traz consigo algo muito importante, a memória de seu território e a história do teatro brasileiro. Alguns desses nomes, por causa dessa possibilidade de pesquisa eu pude conhecer melhor ou me aprofundar, é impossível conhecer tudo, mas é nossa responsabilidade procurar, dar a ver. Precisamos olhar mais para o Brasil e fugir dos grandes centros, ir além do eixo Rio-São Paulo. O teatro é esse lugar, das grandes descobertas e transformações, não dá pra ser diferente, a gente precisa sair afetado de alguma maneira. Com isso deixo aqui todo o meu afeto e desejo de cura através desses grandes artistas. Quem cura o curador? E assim com essa pergunta deixo esse sopro para que juntas e juntos possamos friccionar, tensionar e refletir sobre os processos curatoriais. É preciso descolonizar o pensamento, ver e escutar tudo aquilo que está à nossa volta.

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Natalia Souza

Artista, Educador, Gestor e Produtor Cultural. Doutorando e Mestre em Dança pela UFBA, Especialista em Gestão Cultural (UFBA-FUNDAJ-MINC), Licenciado em Dança e Bacharel Interdisciplinar em Artes com área de concentração em Artes e Tecnologias Contemporâneas (UFBA). Assumiu em 2016, a Coordenação de Dança da FUNCEB, e em 2017, a Direção do Centro de Formação em Artes, unidade responsável pela Escola de Dança da Funceb. Participa de pesquisas no campo da Dança, Educação, Redes Colaborativas, Políticas Culturais/Educacionais, Artes e Tecnologias Contemporâneas.

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