Forum
Mirca Izabel Bonano

O Boletim Arte na Escola  Edição Especial  XII Prêmio Arte na Escola Cidadã trouxe a tona uma boa reflexão para o Celeiro de Ideias.

O que pensam os professores que atuam com esta faixa etária? Como trabalhar os conteúdos de arte na Educação Infantil?  Quais são os espaços mais apropriados? Com que materiais trabalhar? Como trabalhar com arte contemporânea?

Como diz a professora Manoela Afonso: “A arte contemporânea pode ser trabalhada em todas as séries do ensino regular, pois é parte importante e atual do campo de conhecimento das Artes Visuais.  No que se refere à Educação Infantil, pode-se afirmar que a profundidade de compreensão que o professor tem sobre o tema seja um dos pontos fundamentais para que o assunto possa ser desenvolvido sem maiores equívocos".

Para Mirtes Marins: “Quando a produção contemporânea é abordada de forma redutora e não adequada à faixa etária de modo que possa captar a complexidade de certas obras. É claro que visitar exposições de arte contemporânea é parte importante como estímulo para que o aluno desenvolva esse hábito. No entanto, ao mostrar e propor transposições didáticas de obras específicas da produção artística contemporânea, o professor deve ter cuidado para não cair em um esteticismo forçado, com o qual o próprio trabalho escolhido para estudo não dialoga.

Mirca Izabel Bonano

Caros(as) Professores(as),

 

 

Bem-vindos ao Fórum Arte na Escola do mês de março/abril. Este espaço é seu e pretende dar voz a você, suas inquietações e quem são seus interlocutores.

 

O tema escolhido para esta discussão foi pensado a partir do Celeiro de Ideias proposto no Boletim Arte na Escola nº 64 março de 2012, que discute o ensino de arte contemporânea na educação infantil.  O que é recomendado e o que não é recomendado, neste processo.

Nossas convidadas a mediar este encontro serão:  Manoela dos Anjos Afonso - Professora da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (FAV/UG). Mestre em CulturaVisual com trabalho artístico desenvolvido na linha de pesquisa Poéticas Visuais e Processos de Criação. Coordenadora do projeto de pesquisa “A prática relacional nas artes visuais: comunicação, interação, convívio e proximidade como elementos constitutivos de processos

artísticos contemporâneos.

Mirtes Marins de Oliveira, é Mestre e Doutora em Filosofia e História da Educação (PUC-SP), graduada em Artes Plásticas (ECA-USP). Trabalhou no Museu de Arte Contemporânea da USP e na Oficina das Artes da Associação Brasileira “A Hebraica” de São Paulo. Coordena o Mestrado em Artes Visuais da Faculdade Santa Marcelina (SP) e é Supervisora

Pedagógica da Escola São Paulo.

 

Os professores poderão participar desta discussão até o dia 30 de abril, podendo argumentar, questionar, responder, dar sua opinião, pedir e oferecer ajuda. Seu texto é publicado imediatamente no fórum e você pode responder diretamente a um participante ou dirigir-se a todo o grupo.

Desejamos que este seja um momento produtivo para todos os professores.

Abraço,

 

Mirca Bonano

Instituto Arte na Escola

Myrna Azevedo Valente
Tenho minhas reservas quanto a abordagem da Arte Contemporânea na Educação Infantil e no Ensino Fundamental I, principalmente quando, e porque, as aulas são ministradas por um professor que não é licenciado em Arte. Uma vez que, a Arte Contemporânea é menos reconhecida como arte e também é de difícil entendimento, as professoras acabam caindo no tal reducionismo, ou pior, no tal do tudo pode, tudo é Arte. Há que se possuir uma bagagem considerável e também uma metodologia específica para tal conteúdo. Caso contrário dá-se a errônea impressão que qualquer um faz Arte Contemporânea, que é uma "bagunça" a aula, e que ninguém entende mesmo essa nova forma de fazer Arte.
Maria Juliana Sa
Acredito que a arte contemporânea pode ser trabalhada na educação infantil com diferentes enfoques. Óbvio que não haverá discussão, nem tampoco inserção de conceitos, mas leciono em uma escola onde além da disciplina de artes visuais, temos História da Arte na educação infantil.

Através de contação de histórias, experimentações de uso de objetos na produção estética, experimentações do uso do corpo e muitas imagens, vamos construindo um repertório que sem dúvida alguma, irá facilitar estudos futuros, pois a criança se sentirá familiarizada com a produção.

Certa vez, mostrei imagens de uma intervenção urbana chamada coral de árvores (vide abaixo), do artista Divino Sobral,  para uma turma com faixa etária de 5 anos. Em seguida, saímos para experimentar a produção de um coral ou pintar com lãs, termo que usei. Dias depois me senti imensamente orgulhosa, quando uma mãe me contou que o filho havia dito que fez uma intervenção urbana.
Claro que técnicamente o termo pode parecer obscuro, mas depois de experimentar o real sentido da palavra, não será preciso uma aula técnica sobre o termo intervenção.

As vezes, o que para um adulto pode ser imensamente dificil de entender ou até de chamar de arte, pode ser muito simples para uma criança. Se estamos vivendo a arte contemporânea, não faz sentido este ser um assunto para depois.

Maria Juliana Sá - arte/educadora
Elisandra Gewehr Cardoso
Tema apaixonante o deste fórum! Trabalhar com arte contemporânea com a educação infantil é possível, sim, e encantador. Aproveitar a falta de fragmentação das disciplinas e de preconceitos sobre a arte, ainda presentes nesta fase da vida, oportuniza um envolvimento intenso das crianças com as propostas de atividades. O mais importante é pensar que em arte contemporânea vale quase tudo (em relação a temas, meios e materiais), mas não vale qualquer coisa. A utilização de materiais variados não significa que aquilo que iria para o lixo pode simplesmente passar a ser arte. É preciso uma proposta, o envolvimento significativo com procedimentos, obras e artistas, para que as crianças se sensibilizem num fazer contextualizado. As imagens em anexo são de trabalhos realizados a partir das obras da artista Brígida Baltar.
Raquel De Paula

em

Inúmeras análises sobre a produção gráfica infantil  revela-nos aspectos[1] que nos remetem a inventividade, originalidade, espontaneidade .

Utiliza a cor emocionalmente, pelo prazer;

       Aprende a desenhar a partir de suas próprias pesquisas gráficas;

        Explora combinações possíveis de traço;

       O desenho é flexível, variável, pode ser transformado;

       As cores incentivam a exploração;

       E meios inéditos de representar  o mundo ;

       A proporção é afetiva, não visual;

       Há uma ótica pessoal de ver, pensar e sentir o mundo;

 

 Características que, com certeza levaram o Pablo Picasso dizer "Levei quatro anos para pintar como Raphael, mas a vida toda para pintar como uma criança"

Neste sentido acredito que apresentar à criança a arte contemporânea é apresentar-lhes seus pares.

 

 



[1] MARTINS, Mirian Celeste; PICOSQUE, Gisa; GUERRA, M.Terezinha Telles. Didática do ensino de arte- A língua do mundo: Poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998

 

Jorge Noronha
Parabéns pelo tema! Acredito que, além de adequado, é, sobretudo, necessário. Lembro uma vez, em uma palestra com Ana Mae Barbosa em que, ao final, perguntei-a pessoalmente se é correto a transmissão linear dos conteúdos de História da Arte. Sua resposta foi de que não é necessário seguir linearmente a História da Arte, tampouco classificar sua transmissão por série de estudo. O que importa é o Professor dominar os conteúdos. Entendo que, desde que a abordagem triangular proposta por Ana Mae seja aplicada com a devida ludicidade não haverá problema algum. Nesse sentido, deve-se sim, observar a seleção de obras que possam transmitir seu aspecto lúdico.
Erenice Silva Astro Pereira

Despertar a curiosidade artística é motivar à criatividade, acredito se o professor tiver habilidade e uma metodologia adequada pode sim, trabalhar essa temática nas séries iniciais. As propostas de atividades devem estar pertinentes e adequads a esse nível, pois aguçar o olhar e desenvolver a subjetividade é proposito da Arte.

Marcia Ap A A Arruda Depman
O téma escolhido podera nos proporcionar grande,ideias onde trocaremos informações  para ampliar nossos conhecimentos .Reconhecendo que Ärte¨deve ser adiministrada em todos ensino ,da Pre-escola ao medio.Como sempre falo no inicio do ano ao meus alunos (a arte esta presente em suas vida ,deis do inicio quando ,é feito o primeiro ultrason ,a primeira fotografia ) portanto devemos sim desenvolver arte na pre- escola com grande prazer ,deste modo teremos satisfação . 
Roseni Santos De Morais

     Concordo com o que dizem sobre as reservas  no ensino da arte contemporânea na Educação Infantil. Primeiro por saber quem abordará o assunto, visto que, geralmente na educação infantil, as aulas de artes não são ministradas por um Professor de artes. Segundo, já participei de algumas discussões entre profissionais da área sobre o tema e percebi que existe uma grande reserva ao tema. Sei que o objetivo não é a reflexão aprofundada sobre o tema abordado, porém, não podemos banalizar o conceito da arte contemporânea, que talvez em primeiro momento, possa parecer "qualquer coisa". Precisamos sim, de reais capacitações para orientarmos na aplicação e adaptação de certos conteúdos da arte, para o ensino na Educação Infantil de maneira objetiva e responsável.

Treicy Libano

Sou professora de educação Infantil e trabalho com meus alunos desde 2008 acredito que tudo que é ensinado deve ser antes planejado mesmo não sendo professora de artes acredito conseguir transmitir e ensinar aos meus alunos o conteudo que claro é adequado e adaptado para a idade que varia de 3 a 4 anos

Kênia Faria Brant
Acontece algo rotineiramente no ensino das Artes na educação infantil: o uso de diversos materiais para produção de atividades lúdicos, muitas vezes não planejadas como um recurso de Ensino da Arte na Escola. Esse fato deve-se à pouco ou rara formação de um professor especialista em Arte(s) na educação infantil. Sendo assim, o professor da formação infantil adota 'ferramentas' para praticar o lúdico e automaticamente inicia uma parte da triangulação proposta por Ana Mae Barbosa - O FAZER! Vez por outra o pequenino aprendiz alcança o 'estado de fruição inédita. Ineditismo para si e para o educador que via de regra desconhece, ou melhor, não foi preparado (educado) para compartilhar essa forma de saber. Na prática, o contemporâneo acontece à revelia do educador. O que o falta é uma metodologia aplicada ao Ensino da Arte. Algo perfeitamente factível. Pena é que nós (especialistas) no ensino da arte-educação raramente chegamos à sala de aula da educação infantil. Um caminho? - Diálogo... Propor Ações Arte-esclarecedores... Educando pequeninos e grandalhões! Um abraço Arteiro! Kênia Brant
Kênia Faria Brant
Cara Profª Raquel Bem conceituado seu texto. Você é uma dessas pessoas que propõe AÇÕES ARTE-ESCLARECEDORAS. Um abraço da uma ex-aluna Unimontes! Kênia Brant Prof. Esp. Em Ensino de Artes Visuais/UFMG
Márcia Cunha
Toda expressão artística de todo e qualquer movimento, linguagem ou época pode ser trabalhada na educação infantil se adequamos aos pequenos. O problema é que muitos dos professores desta fase não estão preparados para o ensino da arte. A questão mais relevante é como abordar este tema ou outros com a educação infantil, buscando uma interação com a cultura, o meio, o lúdico, o conhecimento? Então se pergunte: Como abordo um tema? O que quero transmitir? Que ideia eu tenho mesmo de ensino de Arte na Escola? Isto é o que temos mesmo que refletir e tentar fazer com que muitos outros reflitam! Um abraço a todos e bom fórum!
Eliza Pandino

Como comentado pelos colegas a arte na escola, destacando a contrução do conhecimento e uso da linguagem artística na Educação Infantil, não há nada que limite o uso da  arte moderna nessa faixa de idade. Penso que além de adequada ela é necessári e útil, abrindo um leque de múltiplas possibilidades. Em nossa escola os pequenos visitaram o MAM(RJ) e o MAC(Niterói) e muitas produções foram realizadas com extrema enpolgação e significado à partir dessa vivência. Como educadores precisamos propor  momentos como esses e tantos outros que forem possíveis para o desenvolvimento da arte em suas diferentes épocas e expressões.

Eliza

Ana Luiza Machado Paschoal

A todos os participantes,

Começo meu comentario, contando que tive o privilégio de participar do curso Arte Contemporânea na sala de aula, patrocinado pelo Instituto Arte na Escola e ministrado por Manoela dos Anjos Afonso em janeiro passado, profissional competentíssima que dividiu comigo e outras pessoas, seu conhecimento e vivências sobre o tema , sobre nossas vidas inseridas, ou melhor, imersas na contemporaneidade.

Impossível fechar os olhos para a atualidade e portanto, para a arte contemporânea que a traduz a todo momento em diferentes linguagens. Os pequenos leitores de imagens podem fruir essa arte sim, cabendo a nós professoras e professores, adequar as imagens às faixas etárias e propor diferentes formas de leitura dessas imagens, como foi citado a contação de histórias e até a dramatização. Eu mesma me recordo de quando apresentei um tema não propriamente contemporâneo, o modernismo de Tarsila do Amaral, aos meus pequenos leitores, trasnformando-me na própria Tarsila, como no seu auto retrato Manteau rouge, sob os olhares atentíssimos deles, a cada momento dessa transfiguração em tempo real . Saímos pela escola, os pequenos a me conduzir até as salas de aulas das outras séries, para que me entrevistassem e mais, como era uma escola bilíngue, dialogávamos em inglês.

Seus olhinhos vibravam e os meus mais ainda!

Recomendo a autora Katia Canton e suas excelentes sugestões, não apenas para educação infantil e seu blog http://blogs.estadao.com.br/estadinho/category/fabriqueta-de-ideias/

Ana Luiza

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