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Arte Na Escola

A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados aprovou proposta que estabelece como disciplinas obrigatórias da educação básica as artes visuais, a dança, a música e o teatro. O texto altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB –9.394/96), que, atualmente, entre os conteúdos relacionados à área artística, prevê a obrigatoriedade somente do ensino da música.

Para ampliar essa discussão, o novo fórum quer saber a sua opinião.

 

Moderando o debate, a professora Carmem Machado, graduada em Educação Artística, pós-graduada pela Universidade São Judas Tadeu e pela Universidade Uniso -Sorocaba em pedagogia do teatro. Ganhou o XIV Prêmio Arte na Escola Cidadã e o prêmio Victor Civita 2013 com o trabalho: Sentiver- inspiração, conteúdo e leveza.

Carmem Silva Machado
Olá professores e professoras,
Estou  muito feliz em poder mediar essa conversa com vocês.E diante disto vou lançar alguns questionamentos para que possamos dicutir sobre a proposta que estabelece como disciplinas obrigatórias da educação básica, nas diferentes linguagens (artes, visuais, dança música e teatro).
O que vocês pensam, e qual a sua opinião  sobre essa decisão? Como essas decisões acontecem/afetam realmente o cotidiano escolar?
Se a música é a única disiciplina obrigatória, a escola que vocês lecionam existe essa disciplina? 

Essas são as perguntas iniciais para que possamos iniciar o nosso diálogo. 

Carmem Machado

Lucas Almeida

A intensão da comissão de educação parece estar apenas dando as outras linguagens a mesma importância dada pela mesma à música. No entanto não basta apenas determinar a obrigatoriedade do ensino destas linguagens, é necessário que se criem as disciplinas para o trabalho destas. Embora tenha sido aprovada e sancionada a lei que torna obrigatório o ensino da música nas escolas, não foi criada uma disciplina para esta, apenas tornou que seja obrigatório o estudo da música nas aulas de arte. Ao meu ver será esse o mesmo caminho a ser percorrido para artes visuais, dança e teatro. Tornar obrigatório algo que já ocorre, pois já é desenvolvido nas escolas o trabalho com as quatro linguagens (ou pelo menos espera-se que os professores, com exceção daqueles que subestimam a arte à desenho livro, trabalhem). 

Obviamente criar uma disciplina para cada linguagem afeta intensamente o currículo escolar no que tange a carga horária de todas as demais disciplinas. Duas aulas para cada uma, que deveria ser o mínimo, comprometeria fundamentalmente toda a grade escolar. Como solucionar essa questão? Aumentando a carga horária da disciplina arte ou criando novas? Realmente esta é uma questão que não vejo resposta.

Ivan Vale de Sousa
O Ensino das Artes na escola é de fundamental importância para a formação de sujeitos crítico-reflexivos,  possibilitando-lhes o exercício da cidadania. Acredito que será um marco na educação brasileira e cabe aos professores formados na área, a valorização e o compromisso com tais disciplinas, pois não são vistas como uma alternativa na grade curricular, mas como necessidade de formação e acesso aos bens culturais.
Solange Maranho Gomes

  A inclusão  é maravilhosa , pois é direito dos alunos vivenciar estas áreas artísticas na escola tal como as outras áreas do conhecimento. Além disso há profissionais formados para isso pois desde a aprovação das Diretrizes curriculares nacionais para estas áreas, as universidades ou estão realizando a mudança curricular dos antigos  cursos de educação artística para cursos de Licenciatura,  ou muitas delas estão implantando Licenciaturas em Música, Artes Visuais, Dança e Teatro.  É bom que fique claro, especialmente para colegas de outras áreas , que não existe mais a formação do professor polivalente,  o que existe hoje são professores de cada linguagem artística. Podemos comparar esta situação aos professores de Língua Estrangeira:  os professores não são formados em inglês,  espanhol, francês, etc , e naturalmente na escola atuam ensinando a língua de sua formação. O mesmo  deve acontecer com o ensino das artes:  o professor deve ensinar a área de sua formação, simples assim. Outro ponto que eu gostaria de destacar é que as escolas podem pensar em um modo de gerenciar isso,  de maneira que não seja necessário, pelo menos por enquanto, termos na escola o tempo tempo o ensino de artes visuais, dança,  teatro e música. Acho que é possível pensar em soluções, mas o que não é possível mais é viver a  polivalência no ensino de artes visuais, dança,  teatro e música

Rodrigo Neris
Infelizmente o caminho para solucionar as dúvidas anteriores já está dado no próprio texto!

Sugiro que coloquem o link para o texto no fórum ou ainda que os interessados pesquisem o texto na íntegra!

Em resumo, o projeto indica que as redes terão 5 anos a partir da aprovação para dar formação a seus professores! 5 anos para 3 novas linguagens? Impossível!

Corremos o grande risco de caminhar para uma nova polivalência que não interessa a ninguém muito menos aos nossos alunos! 

Para quem pensa que é possível, acredito que basta comparar com o ensino de línguas. Por acaso, um único professor dá aula de português, inglês, espanhol e alemão? Em duas aulas semanais? Não! Na prática existe um professor para cada disciplina: língua portuguesa e inglês (língua estrangeira moderna). Se para o ensino de línguas não há polivalência, mesmo muitos professores português tendo habilitação em uma língua estrangeira, porque aceitar polivalência em arte!

Vale destacar que aceitar ou não implica mobilização ativa junto à FAEB (nossa federação) e ao congresso, acompanhando os trâmites de discussão do projeto! Por enquanto ele só foi aprovado na Comissão de Educação e Cultura da Câmara, indo agora para análise da Comissão de Justiça!

Ainda há tempo de lutarmos por um ensino de arte de qualidade e pela valorização de nossa formação e profissão!

Daiana Santos de Sena

A inclusão das artes visuais na educação básica é importante para o desenvolvimento dos alunos, pois de certo modo os alunos interagiram com a poética das artes em si, assim ampliando a visão cultural dos mesmos. Além de ser um processo artístico, eles irão aprender  novas formas de expressão: a musical, a cênica e a dança. Todo esse processo das artes vem como uma nova visão desse contexto escolar que eles vivenciam pois até então poucos professores que trabalhavam em suas aulas essa inclusão, vejo também que a inclusão da arte vem como uma chave para educação em nosso país a cultura deve ser valorizada e principalmente as artes porque consegue ser multidisciplinar abrangendo o conhecimento sócio-cultural e também o educacional aproximando a comunidade para visitação de peças teatrais dos alunos, uma exposição de trabalhos ou até um evento musical dos alunos. Resta nos aguardar que todos professores tenham desempenho para realização de um trabalho que atraia os jovens.

Paulo Cezar Simão
A proposta e valida, porem creio que as escolas não estão preparadas ou estruturadas... 
Priscilla Seabra

Me parece que todos os que responderam aqui estão certos..atualmente é exigida a polivalencia do professor de Arte, que, em sua maioria, tem uma formação específica em uma das linguagens.Mesmo o ensino de Música, que se tornou obrigatório, acaba não acontecendo, porque muitos professores não se consideram preparados para tal, sentem necessidade de formação específica. A maioria tem formação exclusiva em Artes Visuais. Mas quando acontece diferente, por exemplo, quando o professor de Arte tem formação em Dança, ainda assim se sente deslocado, sem espaço adequado para ensinar o que sabe, e sem informações sobre Artes Visuais, que muitas vezes são privilegiadas nos planejamentos, em detrimento de Música, Teatro e Dança. Sem falar na questão do espaço físico das escolas, a falta de um local adequado para movimentos e exploração do corpo. Quanto à grade curricular, realmente é complicado mexer na grade de meio período, mas talvez esta situação se resolvesse com o ensino integral...

Tania Maria De Lucas Da Rosa
É extremamente importante esta resolução, no entanto não podemos esquecer que para ela ser implementada se faz necessário várias outras iniciativas. A reformulação das grades curriculares; o horário integral; salas de aulas especificas com material pedagógico de qualidade e em quantidade; professores especializados em cada área ( não é aceitável a polivalência); condições de trabalho com salários justos e ambiente saudável e estimulante para o aluno e para o professor também, entre outras providências. Diante da nossa realidade este ainda é um caminho longo e difícil... porém este é mais um passo IMPORTANTE. Não podemos desistir ou desanimar pois é o que sabemos fazer de melhor, ou seja, dar aulas dançando, pintando, cantando ou atuando... porque somos professores de ARTE! 
Luciano Buchmann
Oi Carmem, oi Brasil

Minha opinião sobre a inclusão das artes na educação básica, em separado? Penso ser uma vitória que abre outra batalha. Precisamos agora convencer os dirigentes que a linguagem de formação do professor será a de sua prática educativa. Tolice das grandes foi defender o direito às quatro linguagens...uma desconsideração aos profissionais e uma visão estreita do que o estudante poderá escolher ao longo de sua vida depois da escola. Por enquanto, quero é soltar foguete, alegre e contente, enquanto meu bacamarte e pólvora ficam descansando. 

É importante soltar umas flores no mar em agradecimento, fazer algumas ofertas, acender umas velas, agradecer do fundo da alma a todas as pessoas que se empenharam para que isto tenha acontecido: obrigado caríssimo desconhecido amigo meu!

beijos 

Eliane de Fátima Vieira Tinoco
Olás,

Luciano Buchmann, se eu não me engano, quem levou esse texto para ser discutido na Comissão de Educação foi a Vitória Amaral representando a FAEB. Então os agradecimentos, que eu considero importantes, devem ser feitos à FAEB, que vem lutando por isso juntamente com todos os associados.

Quanto à Lei, estou muito desanimada com o que venho assistindo em minha cidade. Uberlândia tem licenciatura em Artes Visuais, Música e Teatro mas grande parte das pessoas com formação em Música e em Teatro cedem à pressão das direções das escolas e ministram aulas de Artes Visuais. Precisamos retomar a discussão sobre a formação inicial.

TERESA CRISTINA DE SOUSA ROSA OLIVEIRA
Afinal de contas as licenciaturas que estamos estudando são ARTES VISUAIS e MÚSICA. O que se espera de uma arte educador formado em Artes Visuais dando aulas de Música e vice-versa??

alguém precisa GRITAR pois nossas crianças e jovens estão ESPERANDO!!! a arte não pode parar, e ser tratada como qualquer coisa, triturada dentro de uma liquidificador: musica+teatro+dança+artes visuais...

patricia volpe dos santos
 Leciono há 7 anos somente para os anos iniciais e posso afirmar que é visível  a  diferença entre os nossos alunos que  tem aulas com especialistas e os demais que  não tem. E considero que as escolas particulares deveriam ser as primeiras  a reconhecer a importância de todas as disciplinas no desenvolvimento da criança.
Ana Flavia Gomes Coelho
Rodrigo Neris escreveu:
Infelizmente o caminho para solucionar as dúvidas anteriores já está dado no próprio texto!

Sugiro que coloquem o link para o texto no fórum ou ainda que os interessados pesquisem o texto na íntegra!

Em resumo, o projeto indica que as redes terão 5 anos a partir da aprovação para dar formação a seus professores! 5 anos para 3 novas linguagens? Impossível!

Corremos o grande risco de caminhar para uma nova polivalência que não interessa a ninguém muito menos aos nossos alunos! 

Para quem pensa que é possível, acredito que basta comparar com o ensino de línguas. Por acaso, um único professor dá aula de português, inglês, espanhol e alemão? Em duas aulas semanais? Não! Na prática existe um professor para cada disciplina: língua portuguesa e inglês (língua estrangeira moderna). Se para o ensino de línguas não há polivalência, mesmo muitos professores português tendo habilitação em uma língua estrangeira, porque aceitar polivalência em arte!

Vale destacar que aceitar ou não implica mobilização ativa junto à FAEB (nossa federação) e ao congresso, acompanhando os trâmites de discussão do projeto! Por enquanto ele só foi aprovado na Comissão de Educação e Cultura da Câmara, indo agora para análise da Comissão de Justiça!

Ainda há tempo de lutarmos por um ensino de arte de qualidade e pela valorização de nossa formação e profissão!


Boa Noite, paz e bem a todos!

Segundo os PCN de artes, o ser humano que não conhece arte tem uma experiência de aprendizagem limitada, escapa-lhe a dimensão do sonho, da força comunicativa dos objetos à sua volta, da sonoridade instigante da poesia, das criações musicais, das cores e formas, dos gestos e luzes que buscam o sentido da vida... Sabe-se ainda, que no dia 13 de julho de 2010, a arte torna-se área de conhecimento, constituindo assim  componente curricular obrigatório. Concordo plenamente!

Dizem que papel pode tudo, não quero aqui desmotivar meus colegas e muito menos ficar desmotivada, mas como arte educadora, vejo que mesmo com tal obrigatoriedade o contexto não é muito animador, alguns obstáculos foram vencidos, e digo  não  ao retrocesso e não a polivalência. Queremos enquanto professores  destas linguagens artísticas, ser respeitados, deixar de sermos vistos como decoradores das festividades escolares, infelizmente alguns gestores ainda veem desta forma, em algumas escolas professor de artes e para preencher a carga horária de professores que estão ociosos, ou seja nossos alunos estão ficando sem direcionamento.

Ana Flavia Gomes Coelho
TERESA CRISTINA DE SOUSA ROSA OLIVEIRA escreveu:
Afinal de contas as licenciaturas que estamos estudando são ARTES VISUAIS e MÚSICA. O que se espera de uma arte educador formado em Artes Visuais dando aulas de Música e vice-versa??

alguém precisa GRITAR pois nossas crianças e jovens estão ESPERANDO!!! a arte não pode parar, e ser tratada como qualquer coisa, triturada dentro de uma liquidificador: musica+teatro+dança+artes visuais...


Boa noite Teresa!
Essa é uma pergunta que não quer calar, Teresa agora tenho outra pergunta que me deixa inquieta, será porque, que   o Brasil é um dos  últimos do ranking no quesito educação? Na certeza é porque não se valoriza nem a aprendizagem de seus   alunos e muito menos seus profissionais! É um desabafo de uma arte educadora feliz e ao mesmo tempo  decepcionada com os caminhos já trilhados...
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