Forum
Gisa Picosque

Caros professores!

O Ministério da Educação (MEC) apresentou em 16 de setembro o texto com a proposta preliminar para discussão da Base Nacional Comum Curricular. O texto elaborado por 116 especialistas de 35 universidades, sob coordenação do MEC, está agora disponível para sugestões.

O Instituto Arte na Escola, para dar voz aos professores de arte, manterá em seu portal, entre 28 de outubro e 25 de novembro, um fórum para discussão e coleta de recomendações sobre a proposta da Base Nacional para o componente curricular ARTE (clique aqui para baixar o texto em PDF). Das observações, sugestões, e intervenções sobre o texto produzidas no fórum, será elaborado um documento a ser encaminhado ao Ministério da Educação (MEC).

Professor(a) de arte, seu posicionamento sobre a proposta preliminar do MEC é fundamental para o aprimoramento do documento. Sua participação no fórum do IAE é contribuição indispensável para reconhecimento e defesa do que desejamos para o ensino de arte na educação básica. 

Dizer é agir. Participe!

Eliane de Fátima Vieira Tinoco
Olás, eu, como muitos de vocês, estou no grupo de discussão da FAEB sobre o BNCC. Passei algumas horas lendo o documento e depois lendo as considerações dos colegas naquele grupo e fiquei um tanto perdida. Por isso sugiro que nesse grupo aberto pelo IAE façamos de forma diferente. Sugiro que coloquemos aqui a forma como achamos pertinente que o texto seja mudado. Pelo que li, o documento tem um viés modernista, lidando com o ensino de Arte muito mais pela expressão e experimentação do que pelo conhecimento. Assim, nele todo é possível pensar em reescrita, apesar de não ter ficado claro, no grupo da FAEB, o quanto pode-se modificar o texto original. Começo o exercício reescrevendo o último parágrafo da página 82 (que no arquivo postado nesse grupo é o primeiro da página 104). Preferi utilizar o arquivo que está no site do MEC porque acho que em alguns momentos será preciso analisar o componente curricular Arte em relação com os demais componentes curriculares. 

Parágrafo do documento: "As artes visuais têm como princípio lidar com a imagem através da experiência estética e subjetiva. Deste modo, mobiliza e amplia os mundos internos dos sujeitos, enriquecendo seus imaginários. É também de sua natureza a experimentação, manipulação e o uso inventivo de materiais plásticos. Sua prática é geradora de conhecimentos únicos que contribuem para a para o fortalecimento e a formação de valores, pertencimentos e identidades individuais e coletivas. Em seu compromisso com a Educação Básica, permite que os sujeitos experimentem múltiplas culturas visuais, convivam com as diferenças e conheçam outros espaços, rompendo os limites escolares e criando novas possibilidades de interação cultural de acordo com as questões do cotidiano sejam estas concretas e/ou simbólicas."

Minha reescrita, que está sujeita a críticas de todos que estão nesse fórum: As artes visuais têm como princípio conhecer os processos de construção, convivência e apreciação de imagens. Deste modo, mobiliza e amplia as formas de ver e perceber os mundos interno e externo dos sujeitos, enriquecendo seus repertórios e imaginários. O conhecimento das artes visuais contribui  para o fortalecimento e a formação de valores, pertencimentos e identidades individuais e coletivas. Em seu compromisso com a Educação Básica, permite que os sujeitos conheçam as manifestações visuais de múltiplas culturas, convivam com as diferenças e conheçam outros espaços, rompendo os limites escolares e criando novas possibilidades de interação cultural de acordo com as questões do cotidiano sejam estas concretas e/ou simbólicas.

Eliane de Fátima Vieira Tinoco
Pessoal,

Não precisam aceitar minha proposta de discussão. Mas por favor, façam seus comentários. Quase 900 visualizações e só uma resposta? Será que o assunto não interessa a todos nós? Vamos participar!

Gisa Picosque
Eliane Tinoco q bom ter vc por aqui! 

A questão q vc traz a partir da discussão na FAEB e sua recomendação de reescrita do parágrafo indicado é muito bem vinda!

Penso q para este fórum, podemos tb ampliar a discussão a partir do que os professores estão discutindo em suas escolas.

 

Gisa Picosque
Para o professor(a) que já visualizou ou ainda vai visualizar o fórum.
Pode ser que em sua escola já aconteceu uma discussão sobre a BNCC. 
Quais aspectos foram discutidos no seu espaço escolar, em relação a arte?
Proponho esses aspectos para discussão aqui no fórum, para ampliação do nosso olhar sobre a BNCC.
Pode ser que vc ainda não tenha uma opinião formada à respeito. Esse não é um problema, pois lançar as questões, já é mover-se para a discussão em fórum.
Envie suas questões! Dizer já é agir!   
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Fabiana Maffessoni
Olá, colegas!

Estamos hoje, 06/11, aqui na escola onde trabalho, discutindo sobre a Base Nacional Comum Curricular. Estou com minha colega de Arte, e o que nos deixa extremamente insatisfeitas é a utopia da proposta referente a nossa disciplina.

O texto diz:

"Ao considerar que a formação em Arte acontece em licenciaturas específicas (artes visuais, dança, teatro e música), é necessário garantir professores habilitados em cada um dos subcomponentes, para todas as etapas da Educação Básica. Igualmente, é fundamental assegurar espaços físicos e materiais adequados para a prática de cada subcomponente, bem como tempo apropriado para o desenvolvimento do trabalho".

Perguntamos: "professores habilitados EM CADA UM dos subcomponentes"? "Espaços físicos e materiais adequados"?, "Tempo apropriado para o desenvolvimento do trabalho"?

Ora, quem trabalha na escola pública sabe das dificuldades de espaço e materiais apropriados e quanto ao tempo... quatro subcomponentes para duas aulas na semana? Para 80 aulas no ano?

Na escola onde estamos, por exemplo, não temos nem quadra para educação física! Quanto mais sala de arte ou auditório!!! E estamos muito bem localizados, em Curitiba, região central. Imaginem as escolas da periferia, das pequenas cidades do interior pelo Brasil inteiro... E os profissionais são habilitados em uma área, ou seja, um subcomponente. Um professor com habilitação em Artes Visuais terá que ensinar "grafia musical", como engloba os conteúdos?

Tão fácil escrever um belo texto! Tão fora da realidade!

Gostamos muito do que fazemos, e tentamos sempre primar pelo melhor. Mas, se no que é básico tudo vai mal, como readequar todo o resto?


Gisa Picosque
Fabiana, agradeço sua colocação.

Estamos,  então, aqui no fórum, com dois parágrafos do txt, colocado na roda para nosso posicionamento. São eles:

Eliane Tinoco, chama atenção para a redação do parágrafo abaixo e sua abordagem sobre as artes visuais :

"As artes visuais têm como princípio lidar com a imagem através da experiência estética e subjetiva. Deste modo, mobiliza e amplia os mundos internos dos sujeitos, enriquecendo seus imaginários. É também de sua natureza a experimentação, manipulação e o uso inventivo de materiais plásticos. Sua prática é geradora de conhecimentos únicos que contribuem para a para o fortalecimento e a formação de valores, pertencimentos e identidades individuais e coletivas. Em seu compromisso com a Educação Básica, permite que os sujeitos experimentem múltiplas culturas visuais, convivam com as diferenças e conheçam outros espaços, rompendo os limites escolares e criando novas possibilidades de interação cultural de acordo com as questões do cotidiano sejam estas concretas e/ou simbólicas."

Fabiana, coloca para discussão o modo como o texto aborda a questão da habilitação dos professores:

 "Ao considerar que a formação em Arte acontece em licenciaturas específicas (artes visuais, dança, teatro e música), é necessário garantir professores habilitados em cada um dos subcomponentes, para todas as etapas da Educação Básica. Igualmente, é fundamental assegurar espaços físicos e materiais adequados para a prática de cada subcomponente, bem como tempo apropriado para o desenvolvimento do trabalho".

Professores qual a compreensão que vcs têm sobre esses parágrafos? Em comparação ao modo como hoje a arte está presente na educação básica, como e em que esses parágrafos propõem mudança? A partir desses parágrafos, como vcs percebem o que é hoje e o que é proposto para o futuro?

A discussão está aberta! Vamos nos posicionar? 

Ana Paula Boaventura Mota de Lima
Olá. Primeiro: concordo que é uma utopia falar em diferentes profissionais para trabalhar cada componente. Penso que se o profissional é comprometido com a disciplina que leciona consegue trabalhar as quatro linguagens de maneira a levar os alunos a conhecer, experimentar, expressar, apreciar e ter senso crítico sobre tudo que conhece, experimenta e aprecia. Mas um profissional para cada área, realmente... não dá! Outro ponto que percebi é que em vista dos parâmetros de 1996, esta proposta está mais enxuta, mais objetiva. Como já foi falado, duas aulas por semana tendo que trabalhar as quatro linguagens, não dá. Por isso, a proposta deve ser mais enxuta, mais focada, e ao mesmo tempo aberta para cada um em sua escola em seu contexto decidir o que é mais significativo trabalhar. Vejo ainda a necessidade sim das quatro linguagens, pois os talentos que temos nas escolas não é só numa ou noutra linguagem e ao mesmo tempo devemos despertá-las nos alunos eles merecem pelo menos terem conhecimento de sua existência. 
Raquel Teixeira De Souza
Olá companheiras. Li o documento, concordo totalmente com as poucas, mas conscientes falas neste espaço, todas me contemplam. Efetivamente o tempo é exíguo para eu participar melhor da discussão que é de extrema importância, mas só hoje soube do fórum. Tenho uma prova em outo estado e corro para me organizar para sair cedo amanhã. Quero deixar registrado que os conteúdos de nossa disciplina, não mudam conforme as séries no ensino médio. O que aparenta que viveremos o mais do mesmo. A única mudança parece ser a de que  as direções das escolas no ensino médio poderão direcionar a nossa disciplina para a série que melhor convier à comunidade escolar. Ou seja, poderemos ter o ensino de artes na primeira, ou na segunda, ou na terceira séries e não mais apenas no segundo ano como acontece, pelo menos nas escolas estaduais do Rio de Janeiro. Me corrijam, por favor, se estiver equivocada. Não vejo nenhum ganho para os alunos, nem para a área. Com tantas possibilidades e diversidade de assuntos que nossa disciplina proporciona, além de práticas que podem ser amadurecidas de uma série para a outra lecionar artes apenas em uma série do ensino médio é pura enganação, ou melhor, negação de amplitude de conhecimento e apropriações de novos saberes de nossas meninas e meninos. É urgente o alcance de nossa área em todas as séries do ensino médio. 
Ana Rachel Lages Souza
Olá professoras, dei uma lida no documento e ainda que não tão criticamente, reparei que dentro da perspectiva de história da arte, onde se verifica lá no OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DE ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL II:

LIAR2COA028. conhecer e apreciar obras e produções visuais e plásticas de artistas locais, regionais, nacionais e estrangeiros; ( PODERIA DEPOIS DOS ITENS, CONHECER E APRECIAR, PODERIA RATIFICAR E COLOCAR A PALAVRA CONTEXTUALIZAR)

O MESMO ACONTECE NOS OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DE ARTE NO ENSINO MÉDIO

LIAR3COA063. conhecer e apreciar criticamente obras e produções visuais e plásticas de artistas locais, regionais, nacionais e estrangeiros; (( PODERIA DEPOIS DOS ITENS, CONHECER E APRECIAR, PODERIA RATIFICAR E COLOCAR A PALAVRA CONTEXTUALIZAR).

justificativa: CONTEXTUALIZANDO, O ALUNO SERÁ CAPAZ DE SITUAR A OBRA, VERIFICANDO O CONTEXTO DO TEMPO E ESPAÇO EM QUE ELA FOI IDEALIZADA, TRAZENDO MAIS CARACTERÍSTICAS QUE VISEM AMPLIAR SEU ENTENDIMENTO EM RELAÇÃO AS OBRAS E PRODUÇÕES, ESTEJAM ELAS EM QUALQUER ÂMBITO ( LOCAL,REGIONAL,NACIONAL,ESTRANGEIRO).

Atenciosamente

Ana Rachel Lages

Adelça Rodrigues Da Silva

"Ao considerar que a formação em Arte acontece em licenciaturas específicas (artes visuais, dança, teatro e música), é necessário garantir professores habilitados em cada um dos subcomponentes, para todas as etapas da Educação Básica. Igualmente, é fundamental assegurar espaços físicos e materiais adequados para a prática de cada subcomponente, bem como tempo apropriado para o desenvolvimento do trabalho".

Fabiana, concordo plenamente com a sua argumentação. Também quando li  o BNCC, o ponto que mais me chamou atenção foi este. Tudo seria muito bom e proveitoso se cada professor com habilitação específica trabalhasse os subcomponentes e se os mesmos fossem inseridos nas Matrizes Curriculares desmembrados. O Componente Curricular de Arte já está comprometido, pois, na maioria das escolas públicas têm somente 01 aula por semana, ficando ainda o professor submetido a trabalhar com 16 turmas. Como trabalhar com todos esses subcomponentes se não temos tempo apropriado para o desenvolvimento do trabalho? 

Adelça Rodrigues da Silva


Juliana Cristina Feyh
Bom dia, Colegas!

Muito bom poder fazer parte dessa discussão com vocês. Juntos somos mais! Certamente o conhecimento e a pluralidade de realidades que cada um encontra diariamente devem ser apresentados para que possamos pensar em algo que melhor se adeque a cada um de nossos contextos.

Sobre as quatro linguagens que devemos trabalhar eu penso que sim, todas são importantes. Fundamentais, eu diria, pois os talentos precisam ser percebidos, trabalhados e incentivados desde cedo. Com relação à formação específica em cada uma das linguagens, bem,  aí precisamos ponderar, pois seria necessário (considerando o contexto atual) que o professor de arte tivesse formação em licenciatura e buscasse especialização em teatro, música e dança além, de dar conta de tudo em dois períodos que, sabemos bem, às vezes, ainda não são geminados, o que dificulta bastante o nosso trabalho.

Isso, ao meu ver, torna o caminho um tanto inviável e tortuoso. Mas também penso que devemos encarar a situação da seguinte maneira: se foram cedidos os dois períodos para a licenciatura em artes visuais, precisamos garantir nosso espaço. Quando vejo colegas licenciados da música falando sobre garantir a "obrigatoriedade da música" me parece muito mais uma vontade de excluir as visuais em detrimento da música, do que uma proposta conjunta de construção de conhecimento. E confesso que isso me assusta um pouco. Penso que seria uma forma de retrocesso construir algo em torno de uma linguagem, eliminando o que outra vem construindo de forma tão satisfatória há tantos anos.

Penso que a melhor forma seria, já que o documento fala da formação específica, que a carga horária de arte fosse aumentada, que a música fosse trabalhada em período específico dentro da grade, que o professor de educação física assumisse a parte da dança (visto que na sua formação trabalha mais essa linguagem do que a arte - pelo menos na minha formação foi assim), e que o teatro também ficasse a cargo de um professor com formação específica e com carga horária para tal.

Lembro a todos que quando fiz o Ensino Fundamental havia dois dias em que a aula acontecia o dia inteiro, ou seja, tínhamos cinco períodos pela manhã e mais quatro a tarde, sendo que íamos para casa almoçar e, após voltávamos para a escola. Fala-se muito sobre educação integral hoje em dia. Talvez a proposta ideal caminhe nesse sentido: aumentarmos a carga horária escolar e aí sim, contratarmos profissionais específicos de cada linguagem, sem prejuízo àquelas que estão caminhando e realizando bem as suas atividades.

Essa seria a minha contribuição. O que vocês acham?

Abraços a todos

Juliana C. Feyh

Alcione de Mello Santos
Carme Bertosso De Camargo
Bom dia!

Gostaria de deixar aqui meu protesto. No estado do Paraná  em alguns municípios a disciplina de arte é trabalhada apenas em uma ou no máximo duas series do ensino médio. Segundo a LBD a disciplina faz parte da base e não há indicações sobre não trabalhar em todas as séries do EM. 

Fico muito revoltada com essa situação. 

Não realizai ainda a leitura da BNCC, mas gostaria muito que essa situação fosse revista no PR  e acredito que nos demais estados que deixam de respeitar a lei. Conto com o apoio dos colegas.

Abraços!  

Clarissa Suzuki

Bom dia companheir@s da arte/educação! 

Na análise da BNCC, sugestões críticas para ratificações e substitutivos são fundamentais principalmente vindo dos que estão no chão da sala de aula e, portanto, enfrentando a realidade escolar no dia-a-dia. Os encaminhamentos vindos das entidades representativas, universidades, comunidades escolares e instituições só tem a somar na construção desse documento que será proposto pelo MEC em contexto nacional. No Brasil, 94% dos professores que lecionam arte não têm formação específica na área de conhecimento (censo de 2013), imaginem por componente? Aqui no IAE temos a experiência com o Prêmio Arte na Escola. Todos os anos quase 70% dos projetos inscritos são de Artes Visuais e não é segredo para ninguém que a grande maioria dos professores de arte têm essa formação específica. Nesse sentido, para além das diretrizes específicas por componente, temos que exigir o cumprimento do PL 7032/10 (que estabelece como disciplinas obrigatórias da educação básica as artes visuais, a dança, a música e o teatro), aprovado neste ano e que altera o texto da LDB 9394/96. Utopia? Talvez, mas é a militância dos arte/educadores fortalecidos teoricamente e por suas práticas que poderá apontar outros caminhos e exigir que tenhamos condições materiais e humanas para que tanto a Lei quanto a Base sejam cumpridas. 

Fabiano Foresti
Fabiani, acredito que é importante que o texto contenha essa parte dos espaços físicos e materiais, ainda que pareça utópico, pois esse texto nos dará a possibilidade de cobrar do Estado suas determinações. Se não estiver no texto, não poderá ser cobrado. "O que não está nos autos não está no mundo", dizem os advogados.
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