Forum
Carmem
Se falar do lixo atiça a subjetividade, mergulhemos nele! Tá, mas e o entorno? Será que é só lixo que hoje tem na arte? Tá certo que na maior parte a gente só vê isso. Mas se olhar bem... Arte que é arte não precisa de bula prá entender/ver/fruir.  Arte é forma de comunicação, linguagem e acesso à essa língua é o nosso papel de arte-educadores. é ou não é? Mas... acho difícil compreender a arte contemporânea (se estiver sem bula), por isso não acredito muito nela. O que será dos meus alunos??? Ai socorro!!!
Juliana Carvalho Carnasciali

Oi, oi oi para todos!!! Ontem precisava ter passado por aqui por inteiro mas não consegui, e nesse espaço de tempo pensei sobre algumas das questões expostas, especilamente a do mundo lixento ou da arte contemporânea lixo. Quero expressar certa opnião: como escolhi viver arte desde pequena e cada vez mais e ainda, me embrenho enrosco neste universo, percebo que independente do tipo de arte experienciada pelo artista ou pelo público, ela é inteira, é provocadora, seja de sutilezas ou estrondos...se movimenta outrem ao movimentar já faz sentido de existir. Não gosto muito sa palavra não, mas NÃO ACREDITO ser nenhuma arte um lixo, acredito na necessidade de expressão de camadas internas do ser humano, e, se ele escolher revirar suas camadas ou as camadas de seu mundo com materias furtivas, passageiras ou algo assim, ainda assim é por demais valioso.

A arte está presente para causar deslocamentos em nós, retirar-nos, se pertirmos, de um mundo espaço estriado para lançar-nos em um espaço liso, onde possamos correr, escorregar e deixar acontecer. Penso-sinto por conta de Gisa Picosque, Gilles Deleuze, Manoel de Barros, L. Clark, Hélio Oiticica e Clarisse Lispector que quando alguma coisa, estesicamente nos atravessa, quando somos lançados a sensações inesperadas e reagimos com invenção, é que temos a arte se movendo em nós e não por acaso é este movimento que precisamos gerar em nosso alunos.

Agora falo então primeiro a Edson, depois a Carmem e em seguida a Elcias... Edson questionou em sua passagem a não possibilidade de trabalhar arte sem subjetividade, concordo com ele em minhas veias, porém na prática de sala de aula, vejo, muitas vezes colegas se desdobrarem e não conseguirem perceber os múltiplos modos de trabalhar com isto. Quando um professor trabalha arte perpassando apenas atividades, por exemplo, aquelas que envolvem um fazer artístico quase vazio por sua proposta, tem abrupto começo meio e fim, sem cola, sem costura sem liga, sem provocação, a subjetividade passa longe do, no caso, mero executor. É por que, dependendo da proposta o aluno apenas executa, principalmente se os professores trabalharem em escolas tradicionais, ou muito muito regradas e presas a datas comemorativas por exemplo ou ao tempo cronos.

Por isso Edson, entrei com este questionamento. Sinto que arte educadores que não tiveram em sua vida a possibilidade de se encontrar com a arte potencializando a própria subjetividade, não tem como provocar outrem. Outros que por sua vez trabalham muito apenas com teoria, ou história da arte por ela mesma, sem fazer links, sem fazer sentido, muitas vezes passam longe da possobilidade de potencializar a subjetividade de seu aluno. Concordo que somos seres subjetivos, mas presos, ANESTESIADOS, por massas, sistemas, istituíções, tempo cronos, medo, ausência de espaço para motivar processos criativos, idividualidades. LOGO: caimos novamente na Bienal, que não por acaso questiona as subjetividades, as idividualidades, COMO VIVER JUNTO...

Carmem, sou arte educadora de crianças há 8 anos com passagem em ateliês e a há 6 anos em sala de aula, especilamente crianças de 10 anos e acredito termos bastante figurinhas para trocar... O que mais faço é experimentar possibilidades de despertar e potencializar o lado inventido e por consequência a subjetividade de meus alunos. Claro que existe um foco importante dentro do ensino da arte em geral que é alfabetizar visualmente, além da necessidade de ampliar o repertório do cultural do aluno, sua sensibilidade,  nutrir estéticamente, promover encontros com diversificadas linguagens da arte, oportunizar o fazer a partir de processos, ampliar a capacidade perceptiva e possibilitar a este aluno, não ser um artista, mas experimentar o movimento criador, o acontecimento, a experiência, aquela sensação que só nós sabemos qual é quando nos atravessa e que não adianta contar detalhadamente a ninquém porque ela é só nossa...ou seja, isso tudo é uma delícia e vale muito a pena... se a criança conseguir se mover sem medo em território artístico, pronta a descobertas e experimentos, cada vez mais transitando em vocabulários e repertórios artístico, se dando a chance de inventar, podemos dizer que alcançamos objetivos. quando seus olhos brilham de prazer dentro de uma proposta sugerida, é por que estamos no caminho certo... logo mais, posso dividir algum relato de experiência meu com você... acredito que a arte transforma, por isso não posso concordar em ser ela um lixo...é claro que vAI depender do banquinho que estamos avistando a palavra lixo. Se for um livro construtivo, tipo "movimentante", ai vale...

Elcias, fiquei curiosa em saber mais sobre seu trabalho... e sua experiência nos mostra o quanto o movimento da arte é necessário, quando proposto de modo motivador a quem o receba. quanto menos acesso uma pessoa tem a este universo, me parece ser ele mais encantados, ele mexe com nossos sentidos, com esferas humanas desconhecidas de certo modo, visto que para cada um, as reações são diferentes, porém, estimule um indivíduo artísticamente e veja o que acontece...ele se abre ao mundo, um novo mundo, descobre espaços em si nunca antes navegados e encontra-se consigo mesmo podendo fazer existir outros de si, esta fantasia real supera expectativas, atravessa o eu e faz movimentos acontecerem. mais uma vez, é a pulsação da subjetividade, neste momento, se nós educadores formos perceptivos o suficiente para potencializar a situação, estaremos abrindo novos universos ao aluno e o resto, não precisamos saber...simplesmente acontece.

Abraços poe agora e para depois...logo mais volto...

Silvia Sell Duarte Pillotto
Olá pessoal!!!Silvia Pillotto de Santa Catarina falando...Esse tema (subjetividade)é bastante instigante, pois somos também pessoas em subjetividades, seja nas relações humanas, profissionais, pessoais, enfim...Penso ser quase impossível não lidarmos com a subjetividade em sala de aula, pois somos interpretantes e interprteados a partir de signos e signos....A própria ação pedagógica é constituida de subjetividades! Se a arte contemporânea é lixo? Depende do que pensamos SER LIXO (subjetivo), depende dos conceitos que criamos sobre lixo...No entanto, tão interessante quanto identificarmos se a arte é lixo ou não, é construirmos um diálogo com os sinais que ela possa indicar para compreendermos mais amplamente sobre nós e sobre o outro, sobre o lixo que existe em nós e no outro; são as relações interativas, acredito eu. Abraços afetuosos à todos.
Ricardo Fernandes Braz

A escola nos últimos anos, demonstrou-se para eu como um lugar pouco acolhedor. Motivo? A subjetividade. Por quê? Nos formamos sim seres únicos, singulares. Mas que tipo de singularidade? Lembro da "US TOP, é uma calça velha azul e desbotada, que você pode usar do jeito que quizer ($). Não usa quem não quer!" Pois é, de lá para cá se vende muito essa idéia de ser único (igual a todos, ou dentro das opções plausíveis que não fuja ao limite da tolerância social.). Bem também lembro na faculdade (FUCRI/1985), eu com um colete jeans, desbotado, mangas arrancadas, abutre pintado nas costas(mal pintado diga-se de passagem), vários botons (botões), e meu professor de folclore foi taxativo: onde está teu senso de ridículo? Também lembro de um colega de mestrado, pesquisando sobre a adolescência e suas formas de resistência a perder-se nesse mundo de "homogêneos" e sua preocupação em achar em suas roupas sinais de diferença. Então, a subjetividade me persegue e eu fico me perguntando como contribuir com o único, singular, sem uniformes (militares), sem as modas (anos 60, 80 e as cuecas aparecendo do 2000). Que medo! Lecionei numa escola(2005), onde em acordo com os alunos,  permitiu o uso do boné, porém com a aba para trás. Não deu certo. Algumas abas persistiam em vir para frente. Um desses alunos (13 anos, 3ª série), não resistiu e esbravejou e não aceitou esse acerto. Saiu da escola. Não se adequava a norma coletiva. Outro aluno (16 anos, 4ª série), calado, olhos sem brilho, não apresentava alternância de humor, "aceitava" o acordo. Mês passado, o de 14 anos matou o de 13 anos a facadas...Por quê? Quem constrói o subejtivo? Que subjetivo? ... Qual o limiar entre o subejtivo/individualiade e o massificado/indiualista. Tantas coisas boas a se fazer, se construir juntos, aprender juntos e há uma onda de violência, rancor e tristeza que edifica um muro contra o afeto, a paz, o olhar para frente....

Carine Rossane Piassetta Xavier

Olá colegas,

Esse tema é muito marcante não só no momento que atuamos em sala de aula,mas na compreensão dos nossos colegas de trabalho ou de pessoas leigas. A nossa area é muito subjetiva por natureza tudo que fazemos tem um porquê e para muitos essa é a questão. Será que vai sair algo ou tudo não parece mais do que uma bagunça...

No meu processo criativo a apresentação da peça é a resposta de tudo.Os alunos atingiram muitos objetivos e principalmente aquele que vai utilizar muito, o gostar da arte.

Um abraço,Carine de Curitiba.

Juliana Carvalho Carnasciali

OI molhado para todos...dia chuvoso intenso aqui em São Paulo! Acabo de me deleitar com as palavras dos nosso últimos três colegas "passantes" por aqui.

Fiquei transpassadampela fala de Ricardo e Silvia que se colocam de modo tão pleno. Ricardo registra uma trajetória e pode nos afetar a realizar uma costura de questionamentos possíveis a se pensar a partir da questão da cultura de massa, do poder de captura que a mídia exerce à população, do papel das instituíções presentes nesse nosso mundo sectorizado e nos lança a pergunta, COMO PENSAR OU POTENCIALIZAR SUBJETIVIDADE/DADES NESSE UNIVERSO CAPTURADOR EM QUE VIVEMOS, VIOLENTO E DESTRUTIVO? Achei deliciosa a oportunidade de realizarmos uma dobra de pensamente separando um carinhoso espaço para refletir sobre isso.

Em um curso aqui em SP chamado CONVERSAÇÕES, temos discutido bastante estas questões. Discutimos a possibilidade de escapar dessas armadilhas de captura que o mundo prepara para nós, em especial mais diretamente para nossos alunos.

Uma das saídas discutidas é o exercício de provocar deslocamentos através da arte, dentro ou fora da sala de aula, devagarzinho sabe, efeito formiga? Lento sempre! Pois é...

Silvia, oi oi!!!  Adorei sua fala que exalta a questão do LIXO(seja lido como for) como diálogo, relações interativas...amei muito esta colocação. Achei delicada e natural, como o exercício do descobrir deve ser. Vislumbrei em seu registro um caminho a se experimentar! Muito Jóia!!!

Rosângela Maria Seigo

Subjetividade para mim é sinônimo de sentimento, acredito que não só é possível, como extremamente necessário nesse caos globalizado que nos rodeia. Tenho uma experiência ótima com a chamada dos sentimentos, ao invés de responder presente, faltou, etc. O aluno escolhe uma cor, por exemplo:

- branco = paz

- preto = solidão

- vermelho = paixão

- verde = raiva

Após a chamada, o aluno tanto pode se justificar oralmente (sempre há os desinibidos) ou por escrito e particularmente, para que isso ocorra coloco uma caixa lacrada. A atividade é feita quinzenalmente. E aos que escrevem, sempre retorno de forma escrita e particular. Os que se pronunciam, estabelecem com a sala a divisão dos seus problemas. É ótimo. Enquanto o aluno fala, procuro sempre pôr um fundo musical apropriado. É um barato ver a necessidade que eles têm de se contar,  de se abrir, seja lá de que forma for. Ah! o conteúdo nesses dias são a alma e o sentimento humano.

Marcos Antonio Dos Santos
   "Fica sempre um pouco de perfume nas mãos dos que oferecem rosas." Toda obra de arte è impregnada de subjetividades: a do artista e sua época, e o mais especial é a  "química" que ocorre no contato com o expectador. E nós arte-educadores temos ( ou deveríamos ter ...), o privilégio de efetivar esse "processo químico", mágico. singular, entre a arte e os nossos alunos. Num mundo tão cinzento e violento, onde a necessidade de sobrevivência e o sistema devoram as relações, as pessoas e o que há de mais belo: a beleza que existe em cada um, a beleza de sermos únicos e a necessidade do(s) outro(s) em nossa vida. E o desafio do tema da Bienal reaparece: "Como viver junto" !?!?!?!?! E a pluralidade inerente da arte, pluralidade de sentidos, formas, cores, texturas, sentimentos, culturas, de humanidade..., faz-se necessária em sala de aula, somando subjetividades, conhecimentos, vivências, experiências, que materializadas em quaisquer suportes, tornem-se palpáveis por todos, ou por um bom número de pessoas. Entendendo que a pluralidade é  " condição da ação humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto é, humanos, sem que ninguém seja axatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, exista ou venha a existir", a arte e especialmente a aula de arte e subjetividade, são indissociáveis, complementam-se e dão um "tempero" especial à sala de aula, à escola e, principalmente, às vidas dos nossos alunos e à nossa, pois "ninguém dá o que não tem".
Carmem

Oi pessoal, estive ocupada com atividades longe do computador, por isso não participei esses dias...

Juliana, adorei saber da tua experiência, deu um alívio. Não tenho tantos anos de experiência como vc.Por isso tenho certeza que aprenderei muito nesse forum. Já percebi o brilho nos olhos das crianças quando estão dentro do processo criativo, como ficam envolvidas..., e nesse momento percebo que meu papel é ser companheira, embarcar , ir junto. Tudo , tudo mesmo, o que v. me disse foi de grande proveito. um abraço.

 

Juliana Carvalho Carnasciali

Oi oi pessoal, acabo de chegar da visita à bienal que realizei com meus alunos... me sinto desperta, e por incrível que pareceça, leve e bem feliz. As crianças amaram a oportunidade. Eu como professora poderia até pensar que as crianças estivessem fazendo de lá um parque de diversões, o que por certos momentos parecia, mas o mais bacana é saber que eles têm o conhecimento de que estavam degustando arte contemporânea. Foi Bem jóia mesmo...

Estou meio correndo agora, mas logo volto para falar sobre minhas impressões e sensações em relação ao mar de subjetividade que pude encontrar hoje... A propósito obrigada pela fala Carmem d MArcos... medeleitei no depoimento de MArcos... verdadeiro, bom demais!!!

Abraços e até já Jú

Carmem
Rosângela Maria Seigo escreveu:

Subjetividade para mim é sinônimo de sentimento, acredito que não só é possível, como extremamente necessário nesse caos globalizado que nos rodeia. Tenho uma experiência ótima com a chamada dos sentimentos, ao invés de responder presente, faltou, etc. O aluno escolhe uma cor, por exemplo:

- branco = paz

- preto = solidão

- vermelho = paixão

- verde = raiva

Após a chamada, o aluno tanto pode se justificar oralmente (sempre há os desinibidos) ou por escrito e particularmente, para que isso ocorra coloco uma caixa lacrada. A atividade é feita quinzenalmente. E aos que escrevem, sempre retorno de forma escrita e particular. Os que se pronunciam, estabelecem com a sala a divisão dos seus problemas. É ótimo. Enquanto o aluno fala, procuro sempre pôr um fundo musical apropriado. É um barato ver a necessidade que eles têm de se contar,  de se abrir, seja lá de que forma for. Ah! o conteúdo nesses dias são a alma e o sentimento humano.

Oi Rosângela,

Muito interessante a brincadeira q vc. faz com as crianças. Adoro usar jogos. Vc. conhece mais jogos de arte?

E vc. Juliana, usa jogos e brincadeiras nas aulas de arte? Já usei alguns e as crianças gostam muito:

Jogo do painel pictórico coletivo: um grande painel será construído pela classe. um jogo com etapas similares as etapas do processo de criação artistico, da idéia à obra acabada. É dividido em equipes e pode ser usado qualquer tema. Só que uma equipe não sabe o que a outra irá fazer, e tem que sair um único painel. A negociação é o ponto alto, pois as equipes não podem perder de vista as metas e o tema. Quem quiser posso passar as regras completas.

Jogo da pintura: mais simples e individual. Cada aluno escolhe um ítem de cada lista e cria a partir daí. Exemplo: personagem: gato, ovo, minhoca, monstro, ou qualquer outro dentro de uma lista. Lugar: montanha, rio, sala, túnel, circo, fundo do mar, ou  qualquer outro dentro de uma lista. E assim vai. V. pode estabelecer listas de várias coisas: sentimentos, condições climáticas... Os pequenos adoram!

Outro: divide a sala em 2 equipes. A profa. mostra uma imagem e cita as referências. O representante da equipe, o da vez, tem que dizer se é (conforme o combinado) paisagem, retrato ou auto-retrato. As crianças avançam no repertório bastante.

Vcs. tem usado jogos? Quais?

abraço, CArmem



Carmem

colegas de fórum,

A questão da subjetividade é do nosso dia a dia. É primordial que os professores e professoras se empenhem cada vez mais. Para a maioria das pessoas tudo isso passa batido. Olha a poluição visual que enfrentamos todos os dias nas ruas. Olha  o design mal elaborado da propaganda, dos cartazes. Tem coisas bem feitas, mas quanto "lixo" visual que temos que olhar todos os dias.Acuidade visual. Isso falta na nossa sociedade. Isso me leva a outras reflexões. E a quetão da  Plástica e do Desenho? Por que tão desprezado? (A Isabel estava levantando esta questão, obrigada Isabel pela mensagem. ) Por que os alunos de arte não gostam de desenhar? Isso não tem mais importância... como não tem importância mais toda a arte tradicional? O saber da técnica não tem mais importância para o artísta? Ou será que a ditadura, sim, pois estamos numa ditadura a dos  críticos de arte que valorizam o tal "lixo" de que andavamos falando. Será isso que está acontecendo? O desprezo geral pela arte tradicional, como algo do passado. Não podemos mais criar usando materiais tradicionais? O que vcs. acham?

abraços, Carmem

Juliana Carvalho Carnasciali

Carmem, oi! Tudo jóia! Bom, acabo de ler seus questionamentos e acredito haver alguns equívocos e generalizações, não em sua fala, mas em alguns pensamentos de Professores e outros quando nos referimos a arte contemporânea.

Primeiro, como já citei em outra mensagem, não acredito ser a arte atual, um lixo, não acredito mesmo pois penso que a movimentação e o deslocamento pela fruição, pela sensação, que esta arte provoca um achado necessário ao universo e as questões que vivemos hoje.

Também percebo uma certa democratização da arte e dos processos artísticos quando existe um território  passível a caber um número maior de inventores, artistas, pessoas interessadas em relaizar pesquisas em sua vida ou no mundo e comunicar atra´ves da arte, provocando coisas do modo que determinar ser melhor. Hoje a arte apresentas mais portas de entrada, não é mais para alguns, pode ser para muitos. Um movedor de sentidos ou provocador, não vai desistir de sua pesquisa porque não pode comprar tinta á óleo da melhor qualidade, ele pode trabalhar de outras formas. Outras vezes também, técnicas tradicionais, como você citou, não dão conta do processo de um artista contemporâneo e é por isso que muitas vezes, em um mundo atual extremamente visual e apenas visual, gritando por modificações em relação ao corpo, a questão do tradicional acaba sendo extrapolada, mas não é regra. A arte hoje vai para bem além da técnica e acredito ser isso fundamental pois abre possibilidades.

Ontem visitei a Bienal e me surpreendi com alguns artistas, temos Laura Lima que evoca o corpo e o acontecimento, discute adornos em relação ao seu caráter antropológico, cultural. O primeiro trabalho dela que me chamou atenção foram pequenas PINTURAS, ou melhor, intervenções que ela realiza em pinturas tradicionais, renascentistas, pinturas delicadas todas em dourado, lembram adornos e tocam ou afligem por sua espontaneidade de ser, são muitos quadros de diferentes tamanhos e formas com delicadas molduras pretas que fisgas em seu conjunto, o nosso olhar. Podem parecer tatuagens. Observe arquivo anexo. ( o trabalho se chama OURO FLEXÍVEL-ENCONTRO  e é feito com caneta gel dourada sobre imagem de catálogo...ela brinca, faz um jogo de seus impulsos com os da obra original e gera novovs impulsos em nós)

Depois, temos Hélio Melo, autodidata, um artista do Acre, que trabalha com Pinturas acadêmicas, PAISAGENS INUSITADAS, adora colocar cavalos em cima das árvores, quase surreal. Ele queria ser escritor, escrever sobre os seringueiros e seu filho dizia que ele nem tinha escola, não poderia escrever. Ele acabou escrevendo e claro e nunca parou de pintar, se denomina um PINTOR DA FLORESTA. O trabalho é encantador por sua simplicidade. - ótimo exemplo em relação a democratização da arte, um senhor, humilde que mora no meio do mato e hoje pode ter visibilidade, trocar e expandir.

Em relação a diversidade, temos um bom exemplo em  ELOISA CARTONERA,  de Buenos Aires  que tem um projeto com catadores de papel, o qual foi reproduzido aqui em SP. Fizeram livros com catadores de papelão e publicaram (organicamente) autores brasileiros tudo em público. Na Bienal, ela apresenta uma espécie de atelier, onde coloca os livros á venda por 5 reais. É bem interessante. Será que se ainda vivessemos num espaço de arte tradicional o trabalho de Eloisa poderia fazer parte do universo artístico? Teríamos a oportunidade de conhecer uma experiência inusitada destas? Poderíamos fruir com tudo isso?

Ela chama isso de uma espécie de escultura social, olha que delícia, temos arte abraçada aos meandros do mundo e não à margem dele, oportunizando-nos fugir, ou escapar, ao contrário, ela nos joga para dentro dele, de cara, ou de cabeça como preferir.

Temos ainda o trabalho de Mustafa Maluka, da cidade do cabo, que trabalha com PINTURA.  Um trabalho com influência da cultura hip hop, graffiti, arte pop, influências sul africanas. Ele conta apoiar-se no discurso acadêmico como ponto de partida de suas pinturas, depois se volta para o mundo hoje, busca pesoas que godtaria de retratar, chama-os de heróis invisíveis.

Fora Minerva Cuevas que tem um histórico de trabalho intrigante e genial mas que nesta Bienal, ao invés de intervenções trouxe uma pintura Mural. Trabalha com espaços públicos como uma reação ao contexto urbano e considera que seu trabalho apresentado não perdeu este caráter. A pintura é relamente imensa e faz sentir e pensar. Mais uma vez Pintura.

Acho que só com esta pequena mostra já dá para perceber que arte contemporânea não é lixo, não está desvinculada de técnicas e nem mesmo da Pintura, uma linguagem possível, mas jamais a única...

É necessário abrir  os olhos de todo o corpo para se comunicar com tudo isso...operar com este universo múltiplo e educar para algo além disso visto que as crianças de hoje serão adultos de uma amanhã que não dá para saber como vai ser...

Abraços Jú

Ps. Já envio imagens destes artistas...

 

Juliana Carvalho Carnasciali
Rosângela, adorei sua chamada diferente e me identifiquei de certa forma pois ao longo do ano, todas as minhas chamadas apresentaram este contexto só que relacionadas ao que estávamos trabalhando, por exemplo, neste ano, fizemos uma viagem imaginária, fazia parte do projeto de arte vigente e no dia do início da viagem eles deveriam responder a chamada falando qual transporte iriam utilizar, e isso era livre e poderia caber no campo do tal imaginário, Uma delícia... Jú
Juliana Carvalho Carnasciali
Pela internet, só consegui imagens de Mustafa Maluka, assim que tiver acesso aum scanner eu mostro imagens dos outros para vocês tá...abraços Jú
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