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Rosimar Bacellar Camarinha
Carmen Lúcia Abadie Biasoli escreveu:
Oi Rosimar!
Ótima a tua colocação sobre a importâcia das tradições culturais aplicadas ao ensino das artes visuais pois penso que a aprendizagem em Arte não descarta o passado, mas é preciso estar atento as recentes discussões sobre o processo de ensinar e aprender tanto na área da Arte como em outras áreas. Faz-se imprescindível para isso um posicionamento profissional comprometido com as transformações. Com isso – e devido a isso – penso que se faz necessário entender e atender os vários contextos da arte e suas relações com a multiculturalidade a cultura visual, daí porque considero que para o ensino da arte a relação da arte com a cultura amplia a análise visual circunscrita à arte, originando outros universos visuais como a publicidade, o cinema e o vídeo clipe.Na minha opinião a tentativa, atualmente, deve ser para visualizar a possibilidade de uma outra forma de ensinar a arte passa pela compreensão do que seja  a diversidade cultural e a cultura visual. A diversidade cultural deve ser enfatizada, considerando não mais somente os códigos europeus e norte-americanos brancos, mas a diversidade de códigos em função de raças, etnias, gênero e classe social. Esse é um ensino da arte interessado no desenvolvimento cultural, que fornece, primeiramente, um conhecimento sobre a cultura local, e depois sobre a cultura de vários grupos que caracterizam a nação e a cultura de outras nações.
Concordas comigo??? E o grupo o que pensa ???
 Um abraço ,
Carmen Biasoli

Olá Carmen .

A diversidade cultural é tão importante que está presente na LDB. Veja:

Na Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da Educação nº 9394/96, em seu art. 26, parágrafo 2º, fica claro a obrigatoriedade ao respeito às diferenças e a cultura nacional e a arte como meio de promover o conhecimento cultural.

Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

§ 2º. O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover desenvolvimento cultural dos alunos.

Ainda no título II, art. 3º II e IV, os quais tratam dos princípios básicos do ensino de forma a enfatizar a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber com respeito à liberdade e o apreço à tolerância, de maneira a certificar o papel importante da interculturalidade.

Segundo Richter (2000, p.120), “[...] a educação intercultural busca a preservação da cultura e da harmonia através do desenvolvimento de competências em sistemas culturais, tais como os sistemas de perceber, avaliar, acreditar e fazer”.  Richter ainda demonstra que essas competências, demandam o conhecimento e a capacidade de interagir com os códigos culturais de outras culturas, interpretá-los, compreende-los, localizá-los nos contextos globais de existência, como ocorre no caso da arte. Apóia ainda, a idéia de educação intercultural, como “a existência integral do sujeito, que se apropria de si mesmo/a, ao apropriar-se da sua e de outras culturas”. (RICHTER, 2000, p. 120). Ao invés de exaltar as diferenças culturais, essa idéia promove a visão das similaridades cultural entre os grupos, facilitando assim, o aparecimento de zonas culturais comuns.  

Na interculturalidade a arte aparece como via de conexões que estabelecem interações entre as linguagens simbólicas, produtora de signos e de significados. “[...] Ao integrar a cognição, sensibilidade e intuição, a arte possibilita o desenvolvimento e a ampliação desses aspectos e com isso contribui para a formação do indivíduo”.Dessa forma ele é preparado para atuar e interagir conscientemente, no mundo que o cerca.  Segundo Aranha (1998, p.30):

“[...] a produção de cultura requer a linguagem simbólica, que faz uso de signos como as palavras, os números, as notas musicais. Os símbolos são invenções por meio das quais o ser humano lida abstratamente com o mundo circundante. Depois de criados e aceitos por todos do grupo, como convenção, possibilitam o diálogo e o entendimento do discurso do outro. A linguagem simbólica permite representar o mundo, tornar presente aquilo que está ausente. Além disso, nos introduz no tempo, porque permite relembrar o passado e antecipar o futuro pelo pensamento. Desta forma a linguagem simbólica nos faz presente no mundo” [...].

Secretaria de Estado de Educação, Governo do Distrito Federal. Portal Oficial. Arte – Introdução. Disponível em: http://www.se.df.gov.br/gcs/file.asp?id=7486. Acesso em: 01 mai. 07.

 

Mais algumas contribuições.

Abraço

Rosimar

Antonio Andrade Pereira Junior
Roberto Heiden escreveu:

Olá a todos!

 Professor Antônio, tudo bem? Tenho bastante interesse pela gravura e por várias qualidades desse campo da arte, tais como a agilidade e espontaneidade possível na sua execução (particularmente na xilografia), a tiragem das cópias, e as suas qualidades estéticas. Mais interessante ainda e à quantidade de assuntos, propostas e caminhos que se pode pensar e realizar na sala de aula a partir dessa linguagem e tema mais amplo que é a gravura.

Xilografia, litografia, água-forte, e outras técnicas mais consagradas, com seus materiais quase sempre sofisticados, historicamente adquiriram maior valorização junto da noção que hoje temos de gravura do que procedimentos que normalmente se valem de produtos simples. Porém o que define uma obra de arte como gravura não são somente os materiais e técnicas utilizadas e sim o ato de produzir imagens por meio de talhos e incisões ou depósito de materiais sobre uma matriz e as suas estampas resultantes após a impressão a partir do processo escolhido. Portanto o trabalho que você desenvolve com seus alunos é gravura com “g” maiúsculo, pois tem uma matriz, que realiza cópias a partir da impressão. Podemos embasar essa afirmação principalmente se atentarmos para alguns exemplos de gravuras produzidas por artistas contemporâneos. Eles utilizam diversos tipos de tintas, materiais e suportes, e não só as técnicas tradicionais como a xilografia e a litografia (até por que quiseram romper com elas), podendo trabalhar com carimbos feitos por materiais diversos, o próprio corpo, impressões feitas em máquinas fotocopiadoras, e vão mais longe ainda, utilizando matrizes digitais para produzir as suas gravuras a partir de modernos computadores e impressoras, o que muitas vezes pode “soar” bastante estranho. Mas vejamos, apesar da alta tecnologia, esse processo não se mantém muito próximo das etapas da xilogravura, ou da impressão com tinta alternativa e matriz de isopor que vocês realizaram? Todos os processos (xilogravura, matriz com isopor e computador) criaram imagens e realizaram uma tiragem com cópias impressas.

O que é uma gravura e quais processos possíveis? O que é uma impressão?

Se perguntas como essas fossem feitas na escola, como se poderia trabalhar o tema gravura e impressão em sala de aula, sem cair meramente nas questões técnicas, levando em conta, como o professor Antônio parece sugerir, além da produção também a contextualização e o reconhecimento de manifestações locais?

Entre as discussões possíveis, por exemplo, cito o fato de hoje a xilografia, a litografia, e outras técnicas, estarem tão afastadas de nossa vida prática que é difícil perceber que esses métodos de impressão tinham uma posição na sociedade em épocas específicas pela sua utilidade prática, que hoje quem as têm são nossos equipamentos digitais. Se o objetivo de aula fosse apresentar as técnicas da gravura, será que o nosso aluno teria repertório e interesse para se aproximar dessa discussão? Agora se deslocássemos a discussão das técnicas relativas à gravura para os fins a que se presta uma impressão? Você desenvolveria esse assunto a partir de uma história da arte linear, ou começaria falando sobre a literatura de cordel ou do clube de gravura de Bagé e Porto Alegre, etc?

Podemos imaginar várias questões e discussões conseqüentes: Para que servem as impressões? Claro que sabemos: para fazer arte, material publicitário (mas onde começa a arte e termina o design?). Das revistas as estampas de tecidos, seriam as mesmas máquinas que produzem as impressões?  Por que quase não se fazem mais livros com a xilogravura? (trata-se de uma opção da sociedade baseada em fatores estéticos, ou sócio-econômicos?) E nos lugares onde ainda se faz impressões com a xilogravura com fins utilitários, qual é o motivo? (isso não seria revelador de alguns aspectos da identidade e da cultura de uma coletividade?). Por que as técnicas surgem e após são “substituídas”? (a linearidade da história poderia explicar?).

E mais: com que tipos de materiais acessíveis os alunos podem realizar impressos? O que muda com os diferentes materiais? O que podem os alunos veicular e aprender com as suas gravuras produzidas?

Professor Antônio, Rosimar e os demais, dessa forma estaríamos trabalhando tal tema dentro da aula de arte com uma visão contextualizadora, multi-direcional, ou o quê? O que falta? O que sobra? O que fazer e não fazer? Vamos continuar nossa reflexão.

 

 


Olá Roberto,

Gostaria de continuar mantendo contanto com você, pois acredito que só existe crescimento quando se troca experiencia, sei que não sou muito esperiente mas sempre se pode manter um contado.

Um forte abraço

Antonio Andrade

antonioapjunior@hotmail.com


Daniela Prado Buldo
Betania Libanio Dantas de Araujo escreveu:

Ola, meu nome é Betania Libanio e sou professora de Arte na escola municipal de São Paulo. Coloco aqui algumas observações e dúvidas sobre a avaliação em Arte.

A avaliação em Arte e nas demais disciplinas não está resolvida. Existe avaliação como aprendizagem, para aprender mais, para verificar, para observar o percurso do aluno, para muitas coisas e percebo que a avaliação na aula de Arte assume cada vez mais propósitos diferentes e isso é muito bom. Inclui-se a esta concepção um conceito de avaliação plenamente desenvolvido na administração de Luiza Erundina na prefeitura de São Paulo, em que a avaliação é contínua, faz sentido para que o professor faça uma auto-avaliação e o aluno tenha um olhar sobre si mesmo e sobre a sua aprendizagem.

Porém existe um mapa conceitual no qual dá para prever algumas questões de aprendizagem. Acredito que não temos conhecimento profundo sobre isso, daí as compreensões que os alunos fazem acerca das experiências em Arte acontecem aleatoriamente e se nós tivéssemos conhecimento sobre alguns pontos da aprendizagem atuaríamos com mais clareza na zona proximal de nossos alunos. Dá muito trabalho e compromisso pois requer um diagnóstico da aprendizagem de cada aluno, registros e análises sobre essas oficinas onde investigamos o percurso de cada aluno e favorecemos materiais e propostas que se articulem na proximidade daquilo que o aluno poderá aprende rpor conta própria e com a ajuda de um mediador (professor ou colega).

Att

B.

Olá Betania,

Meu nome é Daniela Prado, e gostaria de tirar algumas duvidas com vc.

Estudo Pedagogia na Universidade Nove de Julho- UNINOVE, e estou fazendo um progeto de TCC, e através de algumas pesquisas com professores de arte das escolas estaduais, fui irformada de que não há especialistas em arte nas escolas municipais.

Lendo o seu tópico, fiquei em dúvida sobre essa questão.

Caso possa me ajudar, estarei no aguardo.

Obrigada,

Daniela.

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