Este trabalho tem por objetivo refletir sobre o papel das interações sociais de crianças para o processo de construção de produções artísticas em dinâmicas lúdicas e imaginativas, compreendidas como parte integrante da cultura de pares, em ambiente de ateliê de artes plásticas em escola de Educação Infantil. Busca compreender o papel das interações de pares de crianças na expressão de suas linguagens plásticas, no momento em que as criam de forma compartilhada, partindo do princípio de que a socialização e as culturas infantis são fenômenos situados, isto é, "acontecem" em contextos sociais, históricos, culturalmente determinados. A pesquisa se apoia na perspectiva psicoetológica de Ana Maria Almeida Carvalho e Maria Isabel Pedrosa, na Sociologia da infância de Willian Corsaro e em conceitos sobre a imaginação de Tania Zittoun e Frédéric Cerchia. A tese aqui defendida é que as produções visuais de crianças, compreendidas como parte constitutiva da cultura infantil, são construções instadas em interações sociais de pares, uma vez que estas propiciam processos de significações eivados de imaginação, em espaço pedagógico adequado às exigências das crianças, ou seja, circunscritos pela concepção de que elas são agentes de seus desenvolvimentos, criações, apropriações e transmissões da cultura. A pesquisa de campo, de tipo interpretativo, foi realizada em uma escola de educação infantil da rede pública municipal de Maceió, Alagoas, com 11 crianças de 4 a 5 anos de idade. Uma das salas ambiente da escola, utilizada para leitura e vídeo, foi reorganizada para fins da pesquisa com a introdução de um espaço de ateliê de artes plásticas, com mobiliário e materiais necessários para a produção pelas crianças de trabalhos de desenho, colagem, pintura, modelagem e construção. Foram realizadas 12 sessões, no formato de oficina de artes plásticas, com duração de 45 minutos cada, duas vezes por semana, entre os meses de julho e outubro de 2016, onde as crianças atuaram na produção compartilhada de objetos visuais, em duas etapas. Uma etapa de apropriação do ateliê na qual o grupo foi dividido em dois subgrupos, e uma etapa final de estabilização, com todas as crianças. Em todas as sessões as ações e falas das crianças foram videogravadas e as produções visuais fotografadas. Após o exame das sessões, foram selecionados alguns episódios para serem transcritos na íntegra, cujas narrativas descrevem as ações, gestos, olhares, expressões faciais e falas. Estas transcrições serviram de base para uma microanálise das interações entre os diversos atores, no contexto de ateliê de artes plásticas para crianças com seus materiais específicos. A análise evidenciou que as significações construídas pelas crianças são afetadas pelas disposições concretas do espaço e dos materiais, indicando a importância do contexto para as trocas simbólicas e a construção da cultura de pares, incitando a imaginação em processos de compartilhamento que se configuram como uma cultura visual de pares.

Monografias e Teses
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